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domingo, 28 de julho de 2024

Rostos na Neblina: A Elegia de um Amor Que Não Parte

Ao me debater no chão diante da situação incrédula de minha mente, onde a realidade sucumbia no caos que se instaurava diante de meus olhos, proporcionavam a quebra de cadeia da história de minha relação. Ao olhar para o corpo que estava a minha frente, ali estava o ser ao qual cuidou, educou e dispôs de anos ao meu lado.
Enquanto adentrava ao momento em que a morte cercava um de nós dois, as memórias de solidão e medo de abandono vieram diante de ondas melancólicas perante nossos diversos sorrisos. Construímos em situações em que as memórias tomadas de carinho e afeto tornavam aquela cena insuportável aos meus olhos que começavam a encher de lagrimas. Meus ouvidos se silenciaram diante do estampido, rompeu o som de nossos momentos mais gloriosos, mas que tinham pequenos fundos de frustração e abandono.
Aquele som que nunca mais saiu da minha consciência transformou todas as minhas possíveis e futuras relações onde buscavam reviver aquele momento de uma forma que revertesse o tempo e restaurasse novamente o meu sorriso. Mas nunca foi o suficiente, pensar sobre, falar sobre, lembrar sobre, tudo o que saia da minha boca pareciam apenas abandonar esse corpo em que só escuto. O coração a bater como naquele momento, em que ele quis mudar de tom, buscando algo menos angustiante e mais reconfortante como nossos momentos de amor.
Enquanto a minha mente tenta silenciar o meu coração, meu corpo suplica por algo que aquecesse os meus sentidos, pondo aos meus braços a tentativa de proporcionar tal acalento. Ali surgiam marcas que carregariam as memórias que escorriam para fora de meu ser, propiciando assim o calor antes perdido por aquela cena. 
Meus olhos enchiam de lagrimas enquanto contava aquilo para o estranho, que me olhava estranhamente, sem duvidar de que no meu interior tudo havia se perdido em escuridão. Enquanto suplicava por criar uma chama que novamente trouxesse novamente o meu amor de volta, percebia que as constantes se repetiam em cada momento que tentava construir, casa palavra, batida e até mesmo som que podiam atordoar a memória que gritava para sair de meu corpo.
Minha mente se perguntava o porquê estava falando para alguém que jamais vivera tal atrocidade que senti, então percebi o suplicar por algo que pudesse guiar o meu corpo diante do futuro inexplicável que era construído. Desde então começava o meu preparo para uma luta que, cada dia, iria parecer sufocante, pois teria de relembrar os fatos da minha infância que cuidavam para que eu não sucumbisse em mim mesma. Observando como o grito interno de desespero se manifestava sem palavras a pessoas que não me traziam conforto, tentando elaborar uma nova luz que guiasse o meu coração, tentando atingir o amor que antes o som abrupto rompeu o tom saboroso de nossos risos.

AnjoSanto