Não é que fôssemos amigos de longa data. Conhecemo-nos apenas no último ano da escola. Desde esse momento, estávamos juntos a qualquer hora. Há tanto tempo precisávamos de um amigo em quem confiássemos, e por isso confiávamos um no outro. Chegamos a um ponto de amizade em que não podíamos mais guardar pensamentos: um telefonava logo ao outro, marcando encontros imediatos. Depois da conversa, sentíamos-nos tão contentes como se nos tivéssemos presenteado a nós mesmos.
Esse estado de comunicação contínua chegou a tal exaltação que, em dias em que nada tínhamos a nos contar, procurávamos com alguma aflição um assunto. Só que o assunto devia ser grave, pois qualquer um não caberia à veemência de uma sinceridade pela primeira vez experimentada. Perguntei como ele estava; ele me respondeu estar bem. Também perguntei se ele tinha novidades. Logo, me respondeu que, no dia anterior, quando ele estava saindo do colégio, havia conhecido uma menina muito linda de quem gostara bastante. Então, a levou para um lugar calmo, onde conversaram e ficaram até antes do anoitecer. Mas, como já estava quase noite, ele resolveu levá-la para casa. Ao se despedir dela, pegou o número e o e-mail dela, e aí aconteceu o seu primeiro beijo.
Comentei que, então, seu dia ontem foi bem legal e perguntei se ele ia convidá-la para sair novamente. Ele disse que a convidou para sair na quarta-feira. Então, falei que esse era o dia em que íamos ao cinema juntos. Ele me disse que esquecera disso e que não poderia mudar a data. Então, falei que não precisava mudar a data, que iria sozinho. Nós concordamos. Jamais nos separaríamos; a amizade seria eterna até conhecer ela na quarta-feira.
Cheguei perto de meu amigo e, quando fui para cumprimentá-lo, ele me deu as costas. Não sabia o motivo dele não me cumprimentar, mas fui bravo para casa, tentando saber o porquê daquela situação. No dia seguinte, liguei para ele e marquei um encontro para saber o que acontecera na quarta-feira no cinema. Chegando ao local, ele me contou que não me cumprimentou porque não gostaria que ela conhecesse seu amigo de infância logo no segundo encontro, e que logo iria me apresentar a ela. Mas disse a ele que não devia ter feito isso. Então, ele prometeu que no dia seguinte iria me apresentá-la. No dia seguinte, encontrei com a menina e, então, ele me apresentou. Foi aí que vi que ela era a garota ideal para ele.
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